quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A troca de favores

Uma amiga me disse que vai votar no candidato que consertar as linhas telefônicas da região em que ela mora. Fiquei pensativa. Não perguntei se ela sabe qual é o papel do vereador. Era evidente, a resposta. Até porque fazer leis não conserta rede telefônica.

Ela transfere a procuração de poder ao candidato por pequenos rolos de fios.
Eu conheço bem este mundo. Trabalhei como assessora de imprensa de um vereador em duas gestões em Pelotas. Os lamentos na Câmara de Vereadores são meus conhecidos. As pessoas chegam para pedir. Uma cadeira de rodas, uma consulta médica e preparação de papéis para a aposentadoria. Indicação para emprego liderava a lista de pedidos e, muito, muito, mais.

Eu ficava impressionada com a infinidade das carências e, pior, com a incapacidade do Estado em supri-las. A necessidade maior era a falta de informação. O não saber como as coisas do dia-a-dia funcionam torna o mundo indecifrável e impossível. A solução passa a ser o vereador porque eles sabem que têm na mão uma moeda de troca preciosa. Triste realidade.

02.09.08

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