Adolescente, não sabia quem eu era. Conhecia tão somente as dúvidas, os temores. As experiências eram intensas. Se ao menos pudesse sair fora de mim e me observar: como ando, falo, me ver pelas costas. Se ao menos pudesse ser tecida quadro a quadro como uma colcha de retalhos: juntar, juntar, o melhor do outro. Quem sabe seria a perfeição? Se ao menos pudesse penetrar nos olhos dos outros e ver como eles me veem? Ah! medos aterrorizantes que atordoam a alma como noites escuras de tempestades! Ah! temores horripilantes para uma menina assustada. Simples, como as quermesses do colégio das freiras em Soledade.
16.08.08
Um comentário:
cleitonzmAdorei o texto! Eu também sinto essas coisas, penso que foi esse tipo de preocupação que me levou à filosofia. Se pensares bem, de uma forma ou outra, essa tentativa de "se saber" está presente aqui e ali na história da filosofia. O que é o Cogito cartesiano senão a evidência imadiata de si mesmo. Evidência que na minha opnião é impossível, pois o cogito esconde muita coisa, basta ler Espinosa, Malebranche, Nietzsche e Bergson para descobrir. Por isso minha amiga, te digo que nunca, nunca mesmo conseguiremos sair fora de nós para saber quem somos! Nunca saberemos se somos Dom Quixote ou Sancho, se o que estamos vendo são moinhos ou castelos..estamos como nas obras de kafka: tentando descobrir o que fizemos de errado se é que fizemos algo de errado! Um grande abraço! Leia o Apêndice da primeira parte da Ética do Espinosa!
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