terça-feira, 19 de maio de 2009

Quem sabe da vida do meu amigo?



Ele parecia não ter mudado.
Apenas um pouco mais velho.
Não tive tempo para perguntas. O tempo foi curto.
Será que o mesmo era só na aparência?
Quanta coisa pode ter acontecido com o meu amigo em 22 anos?

A palavra doce e amiga pode ter faltado na hora necessária.
A saudade da família pode te-lo feito chorar.
A alegria de ter um trabalho do qual se sente útil.
As festas de largo da Bahia devem ter-lhe lavado a alma.
O cheiro da terra natal pode ter feito falta.
Os amigos deixados longe provocaram um vazio na alma?
Ou ele não teve tempo para estas coisas envolvido que estava com a sobrevivência física e moral?

O que ele sentiu quando ouvia apenas a sua respiração nas noites solitárias?
O que fez quando faltou dinheiro para pagar as contas do mês?
Quanta coisa meu amigo, quanta coisa!
Tudo isso e mais um pouco, ou mais que isso, ou menos um pouco pode ser mais que um jogo de palavras.
É a vida correndo a passos largos, ou a passos lentos por se tratar da Bahia?

Quem sabe da vida do meu amigo?
Apenas ele.

Ele a sua solidão.

13.04.09

3 comentários:

Cleitonzm disse...

Adorei o texto, fiquei emocionado. O outro, no final das contas, é sempre um desconhecido. Quando se trata de alguém distante, nem se fala, afinal deixamos de compartilhar as coisas do cotidiano. Ando lendo Os Ensaios de Montaigne e tenho lembrado muito de ti, acho que há certa semelhança de estilo.Por falar nele, aproveito para recomendar a leitura do capítulo 28 em que Montaigne trata da amizade. Beijos e siga escrevendo!

Unknown disse...

Lendo, senti que mesmo de alguém distante, conseguimos nos colocar próximos, com o olhar, com a estima, com palavras certas.

Alma de Poeta disse...

Terezinha querida, bela reflexão.
Como uma visita, uma lembrança, um telefonema, que para muitas pessoas pode ser uma chatice, um estorvo, para outras pessoas pode ser vital.
Nos dias de hoje, temos esta ferramenta maravilhosa, chamada virtual, que nos aproxima um pouco mais dos amigos distantes, fazendo com que se perca menos pessoas queridas de vista.
Linda alma, a tua, é um privilégio me saber tua amiga.