Elas viviam no limbo. Como nuvens ambulantes. Saíam à rua em grupo. Talvez, como proteção. Eram logo identificadas. As roupas justas e chamativas; decote profundo, calças apertadas, unhas vermelhas e compridas, maquiagem carregada e bijuterias reluzentes. Eram o oposto das moças de família. Falavam alto e rebolavam o bumbum. Nenhuma senhora da sociedade era amiga delas. Jamais! Imagine! Para cair na boca do povo. E depois que alguém caía para recuperar a honra e a dignidade era tarefa quase impossível. Elas saíam do casulo para fazer compras durante o dia. Precisavam se abastecer de alimentos, roupas de vestir e de cama e, principalmente, muita lingerie rendada e colorida. No caixa das lojas era a única hora da concretude.
À noite, retornavam para além dos olhares das mulheres distintas da cidade. Para o refúgio erótico, único lugar possível para homens insatisfeitos e corajosos darem vazão a libido contida dentro dos muros da conservadora cidade. Elas eram as meninas da zona. Batizada de Brasília, em minha terra.
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