terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Cafezinho com Kant

Eu estava numa lancheria no Mercado Público, em São Paulo, e assisti esta cena: um homem, de aproximadamente 35 anos, chega esbaforido para pagar dois cafezinhos que havia esquecido ao sair. Já se encontrava na rua quando lembrou da dívida de R$ 8,00. A atendente, em tom de brincadeira, disse: “já ia mandar a polícia atrás do senhor”, ao que ele respondeu: “é, mas eu é que não ia poder dormir esta noite”.

Imediatamente, a imagem de Immanuel Kant (1724-1804) me veio à cabeça. Pensei em duas coisas: Será que este rigor ético demonstrado pelo homem é fruto de um desenvolvimento da consciência, por conseguinte do “dever” apregoado pelo filósofo, ou seja, aquilo que eu devo fazer, aquilo que a minha consciência determina é o correto. Ou será que é conseqüência de um aprendizado moral inculcado por normas de condutas sociais?

Os dois casos são positivos, diria a maioria dos leitores. É claro, mas há diferenças básicas. Uma coisa é eu apagar a luz de uma peça em que não estou usando para economizar a conta no final do mês, outra é eu ter a consciência de que a economia de luz possibilita economia para mim, para o país e para o planeta. Através da minha consciência reflito sobre as várias fontes de energia e concluo que se eu não desperdiçar a energia estarei preservando e prolongando a vida no planeta. Seja em equipamentos no caso da água, de carvão mineral que não é renovável, ou do urânio que, além de não ser renovável, é altamente poluente. É uma decisão baseada no desenvolvimento interno da consciência.

É óbvio que num país em que nem as regras são cumpridas, muitas vezes, temos o direito de pensar que o filósofo alemão era um purista. Não podemos esquecer que Kant era um utópico. Acreditava no homem como ser capaz de solucionar os problemas da vida com o uso correto da razão.

Depois de presenciar a fome no mundo, as guerras, o holocausto ( no seu próprio país), as devastações do planeta, imagino se Kant ainda confiaria na razão humana. O que vocês acham?



26.11.08



sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Férias às avessas




Os hotéis são uns ingratos. Idem passagens aéreas via smiles. Eles não esperam a decisão de minha família. Em todas as férias e feriados prolongados é a mesma lenga-lenga. Para onde vamos? O acordo é semelhante a ano bissexto. Os filhos querem ir para a praia no verão e para a zona da serra no inverno. Como todo o ser normal.

Já os coroas preferem o inverso. Ambiente calmo, preço baixo e bom atendimento. Nada que se assemelhe a fila e a correrias. Imaginem a BR 101 no verão com um baita congestionamento e aquele calor de rachar. O suor pingando em bicas. Que beleza! Não sei por que eles não entendem isso? Parece tão óbvio! Que maravilha uma praia vazia! Até rimou. Areia em abundância para uns poucos contra a maré.

Quem conhece a praia do Mar Grosso, em São José do Norte, sabe do que estou falando. Uma imensidão de mar a tua frente, calma, areia para estirar-se à vontade e paz. Ah! E as maravilhas dos frutos do mar preparados pelo suíça. É inesquecível! Desde a saída de Rio Grande, a travessia de barca dá o charme da viagem.

Ninguém se decide a viajar. Sozinho. Queremos andar em bandos como andorinhas. Ninguém arreda o pé de casa. Quando alguém sugere algo que agrada a todos, as datas não fecham. Ou então alguém diz como último suspiro: “vão vocês”, para nós, os pais. Aí adiamos para a próxima vez porque em Salvador, queríamos mostrar o lugar onde moramos para eles... em Recife, idem.......Quem disse que alguém queria viajar? Até as próximas férias!

26.11.08


segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Tentativas



Adolescente, não sabia quem eu era. Conhecia tão somente as dúvidas, os temores. As experiências eram intensas. Se ao menos pudesse sair fora de mim e me observar: como ando, falo, me ver pelas costas. Se ao menos pudesse ser tecida quadro a quadro como uma colcha de retalhos: juntar, juntar, o melhor do outro. Quem sabe seria a perfeição? Se ao menos pudesse penetrar nos olhos dos outros e ver como eles me veem? Ah! medos aterrorizantes que atordoam a alma como noites escuras de tempestades! Ah! temores horripilantes para uma menina assustada. Simples, como as quermesses do colégio das freiras em Soledade.

16.08.08